RegRural
Regular o Rural Colonial: Aldeamento de Guerra no Colonialismo Português Tardio

Período
24 meses
Resumo

Num tempo de divisão urbana desigual no período colonial tardio em África e na Ásia nos anos 50 e 60 do século passado, nas áreas rurais os exércitos europeus procuraram coarctar as territorialidades itinerantes ao concentrar os camponeses em campos. Durante as 3 guerras que de 1961 a 1975 tiveram como objectivo a libertação de Angola, Moçambique, e Guiné-Bissau, os esquemas ditos de aldeamento foram parte da ocupação pelo Exército português das regiões de fronteira com países africanos independentes, no quadro de uma aliança com os colonos brancos da Rodésia e da África do Sul. Cerca de 2 milhões de camponeses nos 3 territórios foram transferidos para milhares de campos. Sendo o aldeamento concebido pelos europeus como um elemento da “acção psicológica” militar, no caso dos esquemas portugueses envolveu todo o aparelho de estado colonial, já que tentavam não só separar os camponeses dos seus movimentos de libertação, mas também uma regulação colonial da ruralidade através do desenvolvimento fóssil e de novas formas de despojamento. Porém, a experiência vivida do aldeamento caracterizou-se também por fricções situadas, sobre a natureza do trabalho ou a temporalidade; e os esquemas acabaram por não impedir as independências políticas em 1975. Apesar de muitos campos terem sido abandonados antes e depois da independência, outros tornaram-se movimentados povoados, tendo no caso moçambicano sido frequentemente transformados em “aldeias comunais”. Este projecto de investigação procura contribuir para uma compreensão de como, sob condições violentas de encarceramento através do aldeamento de guerra, camponeses africanos e asiáticos continuaram a regular os seus próprios espaços de acordo com as suas exigências e as suas visões do futuro, rearticulando uma espacialidade de circulação.

Consultoras/es
Aharon De Grassi
Ana Vaz Milheiro
Aniceto Afonso
Mark Gillem
Paul Jenkins
Palavras-Chave
campos, África, história do planeamento espacial, experiência vivida
Financiamento
Fundação para a Ciência e Tecnologia