Resumo

No Brasil existem leis que asseguram o direito à saúde e à educação diferenciadas aos povos indígenas e a demarcação de suas Terras.

No entanto, estes direitos realmente existem no cotidiano destes povos? A educação contribuiu para fortalecer o processo colonizador nas escolas indígenas? A resistência destes povos conseguiu paralisar o processo colonizador? É o fim do conhecimento e dos saberes indígenas? Gestão do conhecimento, interculturalidade ou monocultura do conhecimento? O conhecimento indígena é disciplinar?

O que difere a Licenciatura Indígena Politicas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável/ICHL/UFAM das demais é o fato de ter sido discutida de forma participante por meio da territorialidade linguística com os povos indígenas da região, respeitando a diversidade cultural e linguística, onde a base do conhecimento produzido é por meio da aprendizagem pela pesquisa, na qual a estrutura curricular é pós-feita, flexível orientada pelas pesquisas desenvolvidas pelos estudantes sem uma grade curricular pré elaborada e realizado integralmente em terra indígena (Alto Rio Negro, Médio rio Negro II, Yanomami e Andira Marau). Atualmente conta com 380 estudantes das 09 turmas Tukano, Baniwa/Kuripako, Yanomami, Satere-Mawé, Nheegatu Cucui e Nheegatu em Santa Isabel do rio Negro.

Enfrenta problemas por ser diferente porque não está dentro do modelo proposto “Educação de Branco para Índio” e a resistência do sistema universitário conservador em aceitar as diferenças que exigem funcionamento diferente dos outros cursos. É um direito nem sempre respeitado e aceito pelos aparelhos do Estado. A diferença não pode ser motivo de exclusão mas de inclusão.

O seminário se propõe a demonstrar que a educação em todos os níveis pode ser um instrumento de valorização dos saberes tradicionais e de autonomia contribuindo para reverter o processo colonizador imposto aos povos indígenas no Brasil, e em particular aos 23 povos indígenas do Alto Rio Negro/Amazonas/Brasil.

Nota biográfica

Ivani Ferreira de Faria - No CES entre setembro de 2016 e março de 2017, Ivani Ferreira de Faria é titular da Cátedra CAPES/CES de Ciências Sociais e Humanas. Doutorada em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo (2007) realizou pós-doutoramento na Universidade Nacional do México/UNAM e na Universidade Pedagógica Nacional do México/UPN (2012). Atualmente é professora adjunta III da Universidade Federal do Amazonas.

Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Gestão territorial em áreas protegidas atuando principalmente nos seguintes temas: diagnóstico socioambiental em Unidades de Conservação; planeamento e mapeamento participativo em áreas protegidas (UC e TI); identidade, cultura e turismo; ecoturismo de base comunitária; Gestão do território em terras indígenas; educação escolar indígena e etnodesenvolvimento; e geopolítica ambiental. Faz parte dos Programas de Pós-graduação em Geografia (PPGEOG) e Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA).

Ao longo da sua estadia no CES desenvolverá o projeto intitulado “Gestão do Conhecimento e saberes indígenas: uma reflexão sobre o etnodesenvolvimento a luz dos povos indígenas da Amazônia Brasileira”.

Seminário organizado pelos Programas de Doutoramento Human Rights in Contemporary Societies e Pós-Colonialismos e Cidadania Global