Seminário

Nanotecnologia em Portugal: Governação, Riscos e Participação

Josemari Poerschke de Quevedo (UFPR/CAPES)

28 de setembro de 2017, 16h30

Sala 2, CES | Alta

Resumo

Nesta apresentação pretende-se discutir os resultados de um ano de pesquisa de campo sobre as ações públicas voltadas à nanotecnologia em Portugal. A partir de abordagens do construtivismo da ciência e de teorias de análise de políticas públicas, são discutidos os elementos que compõem o entendimento de stakeholders cientistas sobre esta área chave no país, considerando a governação desta tecnologia sob três eixos de formulação: as práticas de inovação, a preocupação com riscos e as vias de participação. A análise investiga os parâmetros de implementação das ações voltadas para nanociência nos principais centros de pesquisa de referência em Portugal e como a nanotecnologia é traduzida por estes nanocientistas partindo-se dos elementos do debate internacional sobre controvérsia científica. Por fim, apresenta-se um mapeamento sobre a distribuição de recursos públicos para os projetos de pesquisa explicitamente em NT nas regiões do país.  


Enquadramento

A nanotecnologia (NT) emergiu no século XXI como uma nova plataforma de inovação que promete revolucionar a ciência, se tornando já no início do milênio objeto de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação (PCTIs) em vários países, incluindo Portugal e Brasil. Ao ser exibida como foco de progresso na miríade dos feitos da descoberta da luz, se tornou controvérsia científica devido à falta de dados e testes completos sobre impactos e à problemática em torno da percepção pública ao largo da pervasividade pela qual se insere no mundo social através de produtos como eletrônicos, soluções farmacológicas e medicinais, cosméticos, alimentos, entre outros. Se décadas atrás a biotecnologia e o boom da comunicação digital surgiram de campos transformadores distintos, a nanotecnologia se diferencia por convergir como campo integrador de ambos e de outros, resultante da possibilidade de manipulação dos mais diversos elementos e processos em nanoescala. Portanto, esta plataforma tecnológica paradoxal congrega incertezas sobre riscos ambientais, de saúde e segurança (ASS) e aspectos éticos, legais e sociais (ELS) decorrentes de potenciais efeitos não totalmente dimensionados. Este campo de controvérsia científica se direciona a uma controvérsia social que vem sendo debatida por parte da comunidade científica interessada em tratar das problemáticas de poder dos laboratórios no desenvolvimento das tecnologias e dos déficits de controle público. O panorama conta com mobilizações que demandam um quadro regulatório minimamente obrigatório e a participação pública no design da tecnologia para dirimir e controlar incertezas e riscos.
 

Nota biográfica

Josemari Poerschke de Quevedo - Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná -UFPR (2015-2019). Como pesquisadora e bolsista Capes de doutoramento no Brasil, é integrante dos grupos de pesquisa CNPq Tecnologia, Sociedade e Desenvolvimento (TESD) e Comunicação Eleitoral (CEL), ambos vinculados à UFPR.

Tem como interesses de pesquisa: Tecnologias Emergentes; Políticas de CT&I, Meio ambiente e Saúde; Comunicação e Política; Jornalismo.

Atualmente realiza estágio de doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, orientada por Chiara Carrozza e Tiago Santos Pereira.

É Mestre em Comunicação e Política pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2010).

Possui graduação em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo - UFRGS (2006). Com experiência profissional de mais de 10 anos, atuou como assessora de imprensa em entidade sindical; repórter e redatora nas editoriais de Política, Economia e Cultura em empresas de jornalismo impresso e digital; e assessora de imprensa e produtora de eventos em agência de conteúdo.


______________

Este seminário se origina do Projeto de Estágio de Doutoramento “Entre semelhanças e diferenças: as trajetórias das políticas de nanotecnologia do Brasil e de Portugal”, desenvolvido no âmbito do Edital CAPES-FCT, Projeto No. 23038.002469/2014-65, entre o Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Paraná (4P/UFPR) e o Programa de Doutoramento em Governação, Conhecimento e Inovação da Universidade de Coimbra.