Projeto de Tese de Doutoramento
Abril, 50 anos depois: Lugares de Memória, Tempos de Desmemória
Orientação: Rui Bebiano e Hermínia Sol
Programa de Doutoramento: Discursos: Cultura, História e Sociedade
Financiamento: FCT
A Revolução de 25 de Abril de 1974 mantém-se como um dos marcos históricos mais significativos da sociedade portuguesa. A menção de "Abril" evoca iconografias de cravos em espingardas, palavras de ordem gritadas ou cantadas, ideias de «excessos» ou «promessas» de um Abril tão múltiplo e polissémico quanto o tempo que o lembra necessite. Apesar da sua marca no imaginário português, constata-se uma dificuldade da cultura contemporânea em fazer sentido da experiência revolucionária, seja pela insuficiência das ferramentas da História, seja pela seletividade da memória. É a partir desta dificuldade que o presente projeto se posiciona. Orientar-se-á o olhar para os esforços de construir a história pública e a memória da Revolução, abordando Abril no seu lastro simbólico e na polissemia dos seus imaginários culturais e políticos a partir de duas frentes: em primeiro lugar, uma análise do desenvolvimento histórico dos imaginários de Abril em exposições realizadas entre 1976 até 2021 e, em segundo lugar, uma análise dos diálogos estabelecidos com esses imaginários em três lugares de memória na conjuntura evocativa do meio centenário da Revolução. Embora existam já importantes contributos para o estudo de Abril na sua dimensão memorial e dos seus imaginários, estas mantém-se relativamente esparsas e pontuais. Nesse sentido, o projeto tomará o momento propício da efeméride dos 50 anos do 25 de abril de 1974 para unir, dialogar com e ir além destas reflexões, procurando ser, assim, um contributo oportuno para pensar Abril na capacidade evocativa e mobilizadora na contemporaneidade, (quase) 50 anos depois.