Estarão os Grandes Dados a Moldar a Democracia? Uma Perspetiva Crítica.

Orientação: José Manuel Mendes

Programa de Doutoramento: Pós-Colonialismos e Cidadania Global

Financiamento: FCT

O acesso e o controlo de informação tem vindo a moldar a cidadania. As democracias enfrentam atualmente novos desafios, dado que a vontade política é agora expressa num conjunto diversificado de instâncias em tempos de comunicação em rede. Novas possibilidades implicam, também, um contraponto na análise que deve ser tido em conta. Esta fase de grande produção de dados está a transformar o conceito de poder por toda a parte, dado que as democracias são desafiadas pelo acentuar da tecnologia, mas sobretudo porque um controlo social significativo poderá ser assumido por determinados grupos a um nível transnacional. A informação e os números em particular continuam a ser tidos como importantes uma vez que operam como um tipo particular de cartografia, dado que são capazes de, por um lado, representar a realidade, assim construir ou instituir determinadas realidades por outro. A informação quantitativa e as estatísticas em particular representam, também, veículos de desconstrução uma vez que qualquer discussão pública deve ser devidamente informada. A novidade presentemente assenta, todavia, num fluxo sem paralelo de dados quantitativos e qualitativos que reclama por uma avaliação das suas consequências e magnitude.

Este projeto de investigação visa, por isso, explorar de que forma a cidadania e os direitos humanos podem ser comprometidos nesta fase de sobressaliência de informação. Um posicionamento crítico é aqui requerido para que se avalie até que ponto são exercidas forma de neocolonialismo político apoiadas nos grandes dados no seio da nova economia digital. Para tal, será importante aferir qual o papel assumido pelas organizações transnacionais na ação política e na governação, assim como o identificar de eventuais formas alternativas de produção, controlo e retenção de grandes dados com um horizonte emancipador, que incentive um reforço da cidadania e da democracia.