A religião na era do neoliberalismo. Construção das identidades dos pastores protestantes batistas no Brasil

Orientação: Paula Abreu e Helena Vilaça

Programa de Doutoramento: Doutoramento em Sociologia

Financiamento: FCT

A emergência e consolidação de novos grupos religiosos, quer pela sua diversidade quer pelo ritmo das suas dinâmicas nos espaços públicos, tem suscitado novas problemáticas com um quadro social marcado por uma cultura pluralista e com sistemas de valores concorrentes. Esta reconfiguração do campo religioso tem sido evidenciada também na relativização das diferenças denominacionais, na racionalização e burocratização das instituições, no liberalismo teológico-doutrinário e na adoção do modelo capitalista neoliberal como estratégia para aumentar sua eficiência. Esse cenário tem produzido no pastor protestante uma série de questionamentos quanto ao seu papel e relevância na sociedade contemporânea. Adota-se uma abordagem interpretativista para compreender a forma como as múltiplas identidades e os modos de ação dos pastores protestantes batistas, na cidade de Goiânia, são marcadas pelas tendências acentuadas do processo de secularização, assim como seus efeitos no campo religioso e organizacional, discutindo a introdução da lógica gestionária nas igrejas como estratégia para aumentar a sua eficiência. Sociologicamente recorre-se aos conceitos de secularização, racionalismo e capitalismo neoliberal e considerando as três dimensões macro-meso-micro de Karel Dobbelaere (1981) como estratégia teórico-metodológica para conhecer o campo religioso brasileiro, complementados pelos estudos da vocação com contributos da sociologia das identidades, da ação e das profissões, procurando olhar para a função pastoral como vocação e profissão, simultaneamente. Adotar-se-á uma abordagem metodológica eminentemente qualitativa, com entrevistas exploratórias e entrevistas semiestruturadas, recolha e análise documental e a observação etnográfica complementar. Pretende-se contribuir com uma análise inovadora e dar voz àqueles que experienciam na sua própria construção biográfica os efeitos dessas transformações.