Apresentação de livro
«A Resistência continua. O colonialismo português, as lutas de libertação e os intelectuais italianos» de Vincenzo Russo
20 de maio de 2022, 15h00
Sala Piso 3, CES | Sofia
Apresentação do livro por Margarida Calafate Ribeiro e Miguel Cardina (CES)
Sinopse
“Lembrem-se que a Resistência não terminou de forma alguma com a derrota do fascismo. Continuou e continua contra tudo o que sobrevive daquela mentalidade, daqueles métodos; contra qualquer sistema que dá a poucos o poder de decidir por todos. Continua na luta dos povos submetidos ao colonialismo, ao imperialismo, pela sua independência efetiva. Continua na luta contra o racismo. Em suma: enquanto houver exploradores e explorados, opressores e oprimidos, quem tem muito e quem morre de fome, haverá sempre que escolher de que lado estar”. Foi com essas palavras que Giovanni Pirelli, o intelectual antifascista e anticolonialista, traçava uma continuidade entre a experiência da Resistenza italiana ao nazifascismo e as lutas de libertação do Terceiro Mundo.
Com este livro ( 2022, Edições Afrontamento | Memoirs) pretendíamos refletir sobre a euforia da solidariedade e do conhecimento de uma constelação de intelectuais italianos por um Terceiro Mundo em luta: contaríamos os sucessos, o impulso ideal e ideológico, os limites (cognoscitivos e de meios), e a sua consumação no prazo de uma geração. Teríamos, porém, acabado por mostrar apenas o reflexo de um objeto que é central na nossa pesquisa: as lutas de libertação africanas contra o colonialismo português. Para escrever uma “história cultural” que pudesse contribuir para a compreensão de aspetos marginais e esquecidos da história da cultura portuguesa, da história dos países africanos independentes e das culturas dos povos (como o italiano) solidários com os colonizados, recorremos à dimensão contrapontística (de que fala E.W. Said), na qual a resistência ao Império, a última resistência anticolonial (África) ao último Império europeu (Portugal) do séc. XX é analisada, não dualisticamente, mas no interior de um quadro mais amplo (a solidariedade internacionalista) e de um seu – como tentámos mostrar – laboratório privilegiado, Itália.
Sobre o autor
Vincenzo Russo é professor associado de Literatura Portuguesa e Brasileira e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na Universidade de Milão onde coordena a Cátedra António Lobo Antunes (Instituto Camões). Entre os seus volumes mais recentes: com R. Vecchi, A teoria gentil: o projeto e as práticas críticas de Ettore Finazzi-Agrò (2020); com R. Vecchi, La Letteratura Portoghese. I testi e le idee (2017). Em português, publicou também A supeita do Avesso. Barroco e neobarroco na poesia portuguesa contemporânea (2008). É tradutor de autores portugueses (Bocage, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Eduardo Lourenço, António Ramos Rosa), brasileiros e africanos. De 2014 a 2021, foi Secretário Geral e Tesoureiro da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL).
A Resistência Continua. O colonialismo português, as lutas de libertação e os intelectuais italianos foi publicada no âmbito da Cátedra António Lobo Antunes (Instituto Camões/Universidade de Milão).
Organização: Projetos CROME - Memórias cruzadas, políticas do silêncio: as guerras coloniais e de libertação em tempos pós-coloniais (ERC | n.º 715593), e MEMOIRS - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias (ERC | n.º 648624)