Oficina

Crise Ecológica e Conhecimentos Alternativos: construção de narrativas significativas em diálogo com o Povo Munduruku (Pará, Brasil)

Marcelo Firpo de Souza Porto

Marina Fasanello

15 de novembro de 2017, 15h00

Sala 1, CES | Alta

Comentador: João Arriscado Nunes (CES)


Resumo

A oficina tem como referência nossos trabalhos acadêmicos e engajados no Brasil que articulam Saúde Coletiva, Ecologia Política, Comunicação e Movimentos Sociais. Em especial baseamo-nos no documentário que estamos realizando sobre a crise socioecológica e conhecimentos alternativos, junto com o cineasta Silvio Tendler. A crise ecológica reflete uma crise civilizatória mais ampla, que alguns autores preferem denominar menos de “Antropoceno”, e mais de “Capitaloceno” ou “Ocidentaloceno”.  Ela reflete o divórcio entre sociedade moderna (capitalista e colonial) e a natureza, a vida e a economia, expressa pela intensificação do metabolismo social do capitalismo globalizado e diversas violências associadas. A economia, a ciência e a tecnologia tipicamente modernas produziram uma forma de pensar, sentir e viver que fragmenta a realidade, a relação entre as pessoas e comunidades, e destas com a natureza. Uma forma de superar essa fragmentação é a criação de espaços para o encontro de saberes científicos e não científicos que explorem e recuperem princípios, narrativas e experiências que forneçam sentido à aventura humana diante de uma crise que, ao que tudo indica, irá se agravar. Acreditamos que o diálogo intercultural, mais que um encontro de saberes, é também um encontro de sensibilidades e compromissos em torno de princípios éticos e políticos sobre a vida, a natureza, as relações sociais e interpessoais. Esse o sentido de narrativas significativas que trabalhamos.

O seminário está organizado em quatro partes:

1) Inicialmente Marcelo apresentará o significado da crise socioecológica, suas raízes ocidentais e capitalistas nas formas de pensar e sentir que produzem uma economia desarmônica com os ciclos da vida que intensifica o metabolismo social.

2) Marina discorrerá depois sobre a importância das narrativas significativas e do encontro da arte com distintos saberes como um desafio metodológico para o diálogo intercultural e a ecologia de saberes.

3) Em seguida, Marcelo e Marina contarão histórias tradicionais e de experiências recentes de convívio com o povo Munduruku, que vivem às margens do rio Tapajós, no Pará, Brasil. As histórias revelam saberes e outras possibilidades de relação com a natureza, o tempo, o trabalho, o viajar, a vida em comunidade e o convívio com  as tecnologias.

4) Por fim, haverá uma dinâmica de grupo com discussões, desenhos e relatos significativos dos participantes sobre os temas discutidos no seminário.


Notas biográficas

Marcelo Firpo Porto é pesquisador do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz, com pós-doutorado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra .

Marina Fasanello é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) do Instituto de Comunicação, Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/FIOCRUZ), com doutorado sanduíche no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.