Enquadramento

A questão da representação tem sido discutida por múltiplos campos disciplinares, desde a filosofia ao teatro, passando pela história, a sociologia, as ciências políticas, a psicologia, a antropologia e os estudos culturais, para referir alguns dos mais produtivos em termos de reflexões e debates.

A relação entre cinema e representação revela-se particularmente inspiradora num período em que as crises económicas, de liberdade, de justiça e paz dominam a cena global. A imagem cinematográfica incrementou de maneira determinante a consciência da historicidade dos gestos e das formas da sua transmissão. A sua capacidade de contribuir para a aceleração da história e de representar grandes estruturas sociais tem sido particularmente estudada no que se refere a operações de manipulação da opinião, de construção de imagens nacionalistas e legitimação política, em ações de revisionismo histórico, de marketing de grandes indústrias, na elaboração de reputações de regiões e estados, em mecanismos de distinção social, etc. Representação e representatividade constituem regularmente focos de debates de etnicidade e género, de regulação dos meios de comunicação e da perceção de racionalidades de governação. O cinema acompanha e determina as transformações das formas de linguagem e de discurso, das normas relativas à violência, ao comportamento sexual, ao uso e expressão corporal, aos habitus, às perceções coletivas e individuais, entre outras.

O conceito não deve no entanto ser limitado a estes grandes debates e à conceção tradicional de cidadania, dos mecanismos de representação e da sua relação com as instituições. A representação é um problema de atores e por isso a sua origem e natureza devem ser alargadas. O cinema tem igualmente a capacidade de representar metáforas, de interagir diferentemente com a perceção. A representação funciona como um jogo de ficção que condiciona o sentimento de veracidade, o envolvimento imaginativo e a cultura de cada espectador. Por isso discutir representação no cinema implica abordar questões de narração e interpretação, a relação entre filme e linguagem.

O simpósio pretende constituir uma ocasião de encontro de investigadores portugueses, espanhóis, franceses, italianos e ibero-americanos e é destinado à discussão dos resultados dos seus trabalhos e reflexões em torno destas problemáticas procedentes de disciplinas várias, com metodologias distintas e desde óticas diversas,  que sem dúvida contribuirão a criar um debate científico de grande interesse.

Este evento será o quarto simpósio internacional realizado no CES-Lisboa sobre o tema "Cinema e...", depois de 'Cinema e Cidades' (2010), 'Cinema e Autor'(2011), que resultaram em publicações conjuntas com o CES, e do simpósio 'Cinema e Religiões' (2012). Organizado em colaboração com o Grupo de Investigação HUM-870 Cine y Letras - Estudios Transdisciplinares sobre el Arte Cinematográfico, reunirá investigadores, para além do CES e da Universidade de Granada, das Universidades de Cádis e Carlos III de Madrid, da Universidade Paris XI, da Universidade da Basilicata (Itália) e da Universidade Nova de Lisboa.

Modalidades de inscrição
Inscrição normal: 15,00€
Estudantes de licenciatura, de mestrado e de doutoramento: 10,00€
Estudantes e investigadores do CES: gratuita
Serão atribuídos certificados oficiais de participação no final do simpósio

Organização: Núcleo de Estudos sobre Culturas, Cidades e  Arquitectura (CCArq) e Grupo HUM-870 Cine y Letras. Estudios transdisciplinares sobre el arte cinematográfico (Universidad de Granada)


Coordenação: João Mascarenhas Mateus (CES) e Francisco Salvador Ventura (Universidade de Granada)

Comité Científico: Carlos Vargas (Universidade Nova de Lisboa, Gloria Camarero Gómez (Universidade Carlos III de Madrid), Jezabel Gutiérrez Pequeño (Universidade Paris XI), María Dolores Pérez Murillo (Universidade de Cádis), Óscar Lapeña Marchena (Universidade de Cádis)