Resumo

As autoras procuram neste artigo explicar a diferença da política oficial da Suécia quanto à pandemia da Covid-19 a partir das teorias da sociedade do risco e da governamentalidade. A abordagem centra-se na governação da pandemia e no consequente exercício de poder. A política seguida, assente na total autonomia dos especialistas da saúde pública, baseia-se na responsabilidade dos cidadãos e cidadãs e numa lógica individual. Enquanto na pandemia da gripe das aves (H1N1) de 2009 a Suécia atuou em toda a linha segundo o princípio da precaução, sobretudo no processo de vacinação massiva da população, na pandemia da COVID-19, até por não existir vacina, a política sanitária abandonou qualquer perspetiva precaucionária.

A diferença da política pública na Suécia, acentuando uma ética da individualização, não reforça o peso das desigualdades estruturais? Recorrendo ao conceito de vulnerabilidade interseccional Katarina Nygren e Anna Olofsson mostram como a mortalidade devido à pandemia da COVID-19 está sobrepresentada nos grupos de imigrantes e refugiados e nos mais velhos.