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Nº 51
Junho de 1998
Número não temático
ISSN 0254-1106 e ISSN eletrónico 2182-7435
Boaventura de Sousa Santos
  Tempo, códigos barrocos e canonização  (pp. 3-20)
 Abordam-se neste artigo as consequências do processo de desestabilização por que está a passar a equação moderna entre raízes e opções. O fim dos códigos dualistas que sustentavam essa equação propicia o emergir de novos códigos de natureza barroca marcados pela intensificação e pela mestiçagem. Depois de uma caracterização dos dois tipos de mestiçagem — por sobre-exposição e por sub-exposição — que definem esses códigos, analisam-se mais de perto três processos de canonização em curso no presente período de transição: o cânone literário, o património comum da humanidade e o património mundial cultural e natural.
 
Carlos Fortuna
  Imagens da Cidade: sonoridades e ambientes sociais urbanos  (pp. 21-41)
 As imagens das cidades são também feitas de sonoridades. Os sons urbanos contêm um valor heurístico que pode revelar não apenas a evolução urbana mas também o modo actual de organização dos ambientes sociais vividos nas cidades. Contudo, é ambígua a forma como as Ciências Sociais se têm relacionado com estas sonoridades. Com incursões nos domínios da Sociologia e da Geografia, este texto sustenta a necessidade de se conceder maior atenção aos campos e paisagens sonoros das cidades, de modo a detectar com mais rigor as suas trajectórias e configurações sociais.
 
Claudino Ferreira
  A Exposição Mundial de Lisboa de 1998: contextos de produção de um mega-evento cultural  (pp. 43-67)
 Partindo da ideia de que a Exposição Mundial de Lisboa é uma manifestação cultural complexa, este artigo procura desenvolver um conjunto de linhas de discussão sociológica em torno da produção do evento e da sua articulação com os universos sociais, culturais e políticos mais amplos em que se insere. Centrando a atenção nos contextos, nos processos e nos agentes da sua produção, o artigo aborda três níveis de contextualização do evento: a inserção da Expo'98 no movimento histórico de organização das Exposições Internacionais; as condições políticas e culturais em que o projecto da Exposição Mundial surge e se desenvolve em Portugal; o papel dos profissionais, das competências especializadas e dos processos técnicos que concorrem para a execução do projecto e para a modelação do seu conteúdo.
 
Hermes Augusto Costa
  A globalização do sindicalismo como desafio: a adesão da CGTP à CES  (pp. 69-107)
 No quadro da afirmação transnacional do sindicalismo, tornada progressivamente urgente em face da preponderância actual da globalização da economia, este texto reporta-se ao modo como os actores sindicais portugueses — com destaque especial para a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) — têm participado nesse processo. Analisa-se, em concreto, a filiação da CGTP no forum sindical europeu de maior representatividade: a Confederação Europeia de Sindicatos (CES). Depois de uma breve referência ao tipo de afirmação do sindicalismo português, segue-se uma análise sócio-histórica do processo de adesão da CGTP à CES, com todo o significado que lhe subjaz, desde a referência às novas perspectivas de relacionamento que convoca, às tensões que concorreram para o contrariar, às causas que o justificaram e ajudaram a precipitar e aos efeitos práticos deste novo velho desafio transnacional.
 
Almerindo Janela Afonso
  Estado, mercado, comunidade e avaliação: Esboço para uma (re)articulação crítica  (pp. 109-135)
 A centralidade da avaliação no contexto das políticas educativas contemporâneas tem sido objecto de muitos trabalhos sociológicos, embora as marcas da sua discussão entre nós continuem a ser bastante ténues. Neste sentido, procura-se neste trabalho compreender as mudanças económicas e políticas em contextos onde ocorreu mais cedo o renascimento conservador e neoliberal, para em seguida retirar algumas das implicações destes acontecimentos no tocante à reformulação das políticas educativas e avaliativas. Dado que a redefinição do papel do Estado e a revalorização da ideologia do mercado são dois dos vectores essenciais dessas mudanças, é por referência a estes elementos que se procura elucidar o papel da avaliação educacional, contrapondo, ao mesmo tempo, uma outra rearticulação para pensar a avaliação em relação com a Comunidade, numa perspectiva menos reguladora e mais emancipatória. Finalmente, tendo este quadro teórico em mente, enunciam-se de modo sucinto algumas das especificidades das mudanças na avaliação educacional que ocorreram em Portugal no início dos anos 90.
 
Artur Valentim
  Droga, dependência e sociedade: uma incursão (crítica) no campo do pensamento sobre as drogas  (pp. 137-170)
 Propõe-se um sobrevoo crítico sobre os modos de pensar as drogas. Caracteriza-se o modelo médico-psicológico dominante e alinham-se informações e saberes que desconstroem os fundamentos das visies farmacocíntricas. Preconiza-se uma perspectiva teûrica alternativa filiada na tradição construtivista e apresenta-se uma outra abordagem tanto no que respeita à análise dos processos de relacionamento com as drogas como em relação ao estatuto da (toxico)dependÍncia.
 
George Blecher
  O autor pós-marginalizado debruça-se sobre a écriture  (pp. 137-170)
 Propõe-se um sobrevoo crítico sobre os modos de pensar as drogas. Caracteriza-se o modelo médico-psicológico dominante e alinham-se informações e saberes que desconstroem os fundamentos das visies farmacocíntricas. Preconiza-se uma perspectiva teûrica alternativa filiada na tradição construtivista e apresenta-se uma outra abordagem tanto no que respeita à análise dos processos de relacionamento com as drogas como em relação ao estatuto da (toxico)dependÍncia.
 
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